plante. e não se esqueça da
planta que, por ora, é latente:
semente.

plante. e não se esqueça da
terra: are, regue, adube:
elemente.

plante. e não se esqueça da
muda: regue, pode, cuide:
arvore.
nas folhas
do livro velho
folhas secas
da velha árvore
que virou livro

livro
que se planta
árvore
que se lê

folhas
levadas ao vento
a semente:
o pensamento

nydia bonetti


filhos da falha


à sombra
de um lápis
deito folhas
edito versos
recicláveis

                                              assombros
                                               que brotam
                                          do pavor
                                            da árvore

valéria tarelho
(mais da Val em







vitória-régia

“Uma flor é uma flor,
uma rosa é uma rosa”
mas a vitória rosa
é régia.

Uma flor que um dia é branca
feminina flor
refletindo a luz do dia.
Masculina flor noturna
agora é rosa
como o fim da tarde
de uma longa espera.

Regendo o tempo,
o fluxo do rio...
— Determina as cheias
ou a cheia lhe insemina?

Uma flor que me ensina
que o branco
contém o rosa
e todas as cores do dia.
Que a noite
contém o dia.

Uma flor que é menina
e menino brincando n’água.

PAULO ROBSON DE SOUZA
_______________

A flor de Victoria amazonica (esse é o seu nome científico) muda de sexo com o passar dos dias: as estruturas femininas tornam-se férteis antes das masculinas (as pétalas, inicialmente brancas na fase feminina, ficam róseas). A fecundação é feita por uma espécie de besouro que, ao comer as partes florais, leva o pólen das estruturas masculinas para as femininas. Embora aparente ser totalmente flutuante, a vitória-régia é fixa ao substrato – suas gigantes folhas são, na verdade, presas a um longo pecíolo cujo comprimento aumenta à medida que o nível da água sobe (uma adaptação à alternância de ciclos de cheia e seca). Saiba mais consultando Plantas Aquáticas do Pantanal, de Vali Joana Pott e Arnildo Pott (Embrapa, 2000).

o sabor da maçã

A cobra sibila

no Éden: cochicha a Eva

os segredos de Adão

O REI DO RIO

Reflete
a luz
da prata
do rio
no corpo
do peixe
que passa
esguio.

Desse corpo, o mais lindo dourado
metálico, precioso,
bebo com meus olhos
secos de luz
de pobre desajeitado
mergulhador.

PAULO ROBSON DE SOUZA

girassol

queimada

Caros, um novo blog no ar, visitem

HAICAIDIA
haicais, tankas & poetrix

dia do biólogo

mimetismo

sos

Por que a quase que a totalidade das pessoas ainda não consegue perceber, entender que quando perdemos indivíduos que deveriam estar cumprindo sua função biológica em seus respectivos ecossistemas, isso nos afeta diretamente?


Por que grande parte das pessoas enxerga o trabalho que fazemos de REPRESSÃO AO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES como uma missão para salvar animais que estão sendo maltratados? Não, não é isso que fazemos, nós nos preocupamos com os danos ambientais, de forma global, que esta atividade criminosa traz ao planeta e conseqüentemente à cada um de nós, embora isso de forma muito rara seja percebido!

Salvar animais maltratados é uma atividade nobre, mas é a conseqüência natural do trabalho que fazemos. Se tivéssemos todas as aves do Brasil, em cativeiro, resgatadas do tráfico e supondo que os ecossistemas teriam sofrido uma verdadeira devassa em termos de captura, aves super bem tratadas (embora o cárcere, por maior que seja não significa tratar bem), o que imaginam que ocorreria em termos de desequilíbrio ambiental? Será que isso nos atingiria?

O sociólogo Betinho dizia: "Quem tem fome, tem pressa." E o que ocorre em relação ao que precisa ser feito nesta seara é semelhante, maravilhosamente seria se as instituições oficiais cumprissem sua obrigação de ponta a ponta, mas não o fazem, e com o sistema de governo existente atualmente neste país, não farão tão cedo.

Por isso temos pressa, as coisas precisam acontecer e nada cai do céu, embora sejamos um pequeno exército que dá suor e sangue neste trabalho, embora o reconhecimento ainda seja pequeno, não podemos parar, nosso compromisso não é somente com a fauna silvestre, com o meio ambiente, mas também e principalmente é com você!

Bem, fiz estas exposições acima apenas para dizer uma coisa:

Ontem fizemos um pedido de auxílio (amaríamos não precisar fazer isso pois nos sobraria mais tempo para dedicar ao nosso trabalho, essencial à todos nós) e em mais de três mil mensagens enviadas, recebemos o auxílio de duas pessoas. Mas será que fazemos algo significativo em prol da conservação e somos merecedores de alguma colaboração? Bem, nossas ações, nestes dez anos podem responder esta pergunta.

Bem, hoje - 07 de maio de 2010 - funcionará da seguinte maneira:

Temos que gerar alguns recursos com URGÊNCIA, dentre eles compra de alimentos para as quase 400 aves que aqui estão e pagamentos dos tratadores, se alguém não tiver tempo de se deslocar à alguma lugar para de repente realizar uma pequena colaboração, veja nossa sugestão o que podemos fazer pelo menos em relação à Nutripássaros:

A Nutripássaros, que é onde compramos a maior parte das rações, recebe cheques pré para até 28 dias, podemos coletar cheques entre hoje e amanhã e ir até lá para adquirir itens para pelo menos uns 30 dias.

Bem, caso não conseguirmos nada, não há outra maneira, vamos tentar economizar alimento, as aves terão que comer menos nestes próximos dias.

Gostaria de poder realizar pessoalmente este pedido à cada um de vocês, tenho certeza que seria bem melhor, pois acho que conseguiria, talvez, expressar melhor ainda o quão sério é o que expomos.

Finalizando, a grande maioria dos que conhecem nossas atividades ficariam assombrados se soubessem o que ocorre em relação à esta problemática em todas as suas manifestações!!!

Cordialmente,

Marcelo Pavlenco Rocha - Presidente SOS Fauna

E se alguém ainda quiser realizar uma colaboração na conta da SOS fauna, por favor, e seguem os dados:

Banco Itaú S/A
Agência 0196
Conta Corrente 60.720-4
CNPJ para DOCs: 03.884.927/0001-20
Para crédito de: SOS FAUNA - ÓRGÃO DE DEFESA DA FAUNA E FLORA BRASILEIRA

sob os olhares do não

sim


você pode:
arrancar pela raiz
plantas inoportunas (as mal-
ditas ervas daninhas)
que noturnamente
invadem seu canteiro
de lírios pretensiosos.

sim
você pode:
decapitar formigas tanajuras
(em exercício diário nas trincheiras)
que recortam as folhas
amiúde
da muda miúda
do jatobá gigante
que cresce na calçada.

sim
você pode:
podar barbaramente
o arbusto arborescente
moldando a sebe –
invocando mãos de tesouras
impiedosas
que sacramentam a forma viva
em benefício da arquitetura.

você também pode
sim:
derrubar árvores evitando folhas secas.
cimentar gramados esconderijos de aranhas.
chutar caramujos estrangeiros (que
vicejam com as chuvas).
exterminar as flores mais doces
pelo medo de abelhas.

você pode tudo porque
(sim:)
longe do espelho – a divina semelhança –
ignora o óbvio.
livre do óbvio
não transcende o umbigo.
insensível ao indizível
tornou-se insensato
e perdeu os ouvidos
ao clamor das maçãs.

o cotidiano escuro da cidade

1. as asas da noite

a noite chega
nas asas das mariposas
em vôos circundantes
nas lâmpadas frias
dos postes com células fotoelétricas

a noite chega
nas asas das andorinhas
em revoada dança
num mergulho vertical
sobre os galhos das árvores da praça

a noite chega
nas asas das corujas
em rapinante vôo
sobre as presas distraídas
nos jardins dos condomínios

a noite chega
nas asas dos morcegos
em razante vôo
sobre a copa das sete-copas
mal formadas na calçada

a noite chega
nas asas do vento
pelas análogas mãos do tempo
tateando a vida
sussurrando a morte