a nova face da lua













2.

o suor no rosto escorre
junto às últimas pétalas
da última flor de ipoméia

mais uma primavera
que na réstia de cores
em odores se finda

finda a tarde rosada
o pouso amarelo das borboletas
a doce tarefa das abelhas

de manhã o caseiro beija-flor
arremeterá o voo e perderá a rota
do seu claro desejo

ZOOPOESIA: tábua de marés#links

ZOOPOESIA: tábua de marés#links

tábua de marés












1.

no extremo do dia
barcos aportam
na extremidade da praia.

mansas ondas refletem
o que ainda resta de sol
em suas brancas arestas

trazendo em antagonia
mensagens de náu-
sea e maresia.

dentro dos barcos redes
dentro das redes peixes
(e crustáceos e moluscos...)

entrelaçados em ulvas e sargaços
se reverberam em saltos – mórbidos
traços – no ultimato da pesca.

outros – livres das vísceras –
se repartem em simetria
na ultimada fome de homens e aves

(sobre o deserto da areia
a noite já respira
enquanto em uivos o vento provoca o mar).

narciso às avessas

o assanhado sanhaço
se assanha sem embaraço
com a sua imagem ao espelho
:
auto-concorre –
bica/rechaça (mata/morre)
aos moldes do patinho feio

(a (cons)ciência ecológica do sanhaço
é mediada pela visão
a do tubarão pelo sangue
a da coruja pela audição
a do homem pela aceitação
em ser mais um componente
do todo adjacente
no uni-verso atemporal)

sidnei olivio

protetor da floresta

na mira do verde

noite e dia vigia

a mata

o curupira

:

olhos fixos no nicho

resguarda a vida

aos bichos

formiga

Existem milhares de espécies de formigas em todo o mundo, e cada uma se alimenta de um modo diferente – algumas são carnívoras, enquanto outras são “fazendeiras”, e cultivam fungos para a sua alimentação. Uma coisa que todas elas têm em comum é sua extraordinária força, já que as formigas conseguem levantar até 50 vezes o próprio peso. Essa força é usada para conseguir comida e para defender a colônia de inimigos.

(Fonte: Live Science)

salmão

O salmão adulto vive no oceano, mas todo outono ele migra de volta para o rio de água doce onde nasceu. Esses peixes fazem uma viagem contra a corrente, chegando a subir em cachoeiras. Muitas vezes, quando chegam em seu destino final, os peixes morrem de exaustão.

(Fonte: Live Science)

subindo pelas paredes

As lagartixas constantemente desafiam a lei da gravidade andando por tetos e paredes. O segredo acrobático está em minúsculas projeções em forma de pelos que se enfileiram nas solas das patas desses répteis e permitem aderir às superfícies por meio de um fenômeno conhecido pelos físicos como força de Van der Walls.



(Fonte: PESQUISA FAPESP 117 – novembro de 2010 – pág. 44)
PESQUISAS MOSTRAM: OS ANIMAIS AMAM, RESPEITAM, AJUDAM-SE E ATÉ VÃO AO SACRIFÍCIO DA MORTE PARA DEFENDER A PROLE


Semyramis Gomes de Albuquerque

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/correio-fraterno/pesquisas-mostram-os-animais.html

 Amor conjugal - Amor materno

 "Buffon - escreve Delanne - adverte-nos que as aves representam tudo quanto se passa num lar honesto. Observam a castidade conjugal, cuidam dos filhos; o macho é o marido, o pai da família, e o casal, por débil que seja, mostra-se valoroso até ao sacrifício de morte, em se tratando de defender a prole.

 Não há quem ignore o zelo da galinha na defesa dos pintainhos. Os animais ferozes: - o tigre, lobo, gato selvagem, todos têm por suas crias o mais terno afeto. Darwin, Brahm, Lauret, citam exemplos capazes de varrer dúvidas a respeito.

 Lauret conta que um macaco, cuja fêmea lhe morrera, cuidava solícito do filhote, pobre rebento esquálido, enfermiço. À noite, tomava-o ao colo para adormecê-lo, e, durante o dia, não o perdia de vista um instante. De resto, entre os macacos, os órfãos são sempre recolhidos e adotados com carinho, tanto pelos machos como pelas fêmeas.

 Uma bugia (cinocéfalo), notável por sua bondade, recolhia gatos pequenos, que lhe faziam companhia. certa feita, um gatinho adotado arranhou-a e ela, admirada, deu prova de inteligência examinando-lhe as patas, e, logo, com os dentes, aparou-lhe as garras.


Amor ao próximo

 O Sr. Ball - continua Delanne - relatou na Revue Scientifique o seguinte fato, por ele testemunhado:

 O cão fila aventurava-se dentro do lago congelado, quando, súbito, se quebrou o gelo e ele resvalou na água, tentando em vão libertar-se. Perto, flutuava um ramo e o fila se lhe agarrou, na esperança de poder alçar-se. Um terra-nova que, distante, assistira o acidente, decidiu-se, rápido, a prestar socorro. Meteu-se pelo gelo, caminhando com grande precaução, e não se aproximou da fenda mais que o suficiente para agarrar com os dentes a extremidade do ramo e puxar a si o companheiro, dessarte lhe salvando a vida.

 "A previdência, a prudência e o cálculo mostram-se, diz o Sr. Ball, de um modo evidente neste ato, tanto mais notável, quanto absolutamente espontâneo. Os animais, são comumente, suscetíveis de educação, e sua inteligência desenvolve- se em convívio com o homem. Mais interessante, porém, é acompanhá-los em sua evolução individual, e constatar que são capazes, por assim dizer, de evolver a si mesmo. Neste particular, o nosso terra-nova elevou-se, por instantes, ao nível da inteligência humana, e, no tocante à observação e ao raciocínio, em nada inferior ao que um homem faria em tais circunstâncias".

 Comenta Darwin que o capitão Stransbury encontrou num lago salino de Utah um velho pelicano completamente cego e aliás muito gordo, que devia o seu bem-estar, de longa data, ao tratamento e assistência dos companheiros. O Sr. Blyt me informa - diz ele - ter visto corvos indígenas alimentando dois ou três companheiros cegos, e eu mesmo conheço caso análogo, com um gato doméstico.

Sr. Burton cita o caso curioso de um papagaio que tomara a seu cargo uma ave de outra espécie, raquítica e estropiada. Assim é que lhe limpava a plumagem e procurava defendê-la de outros papagaios, soltos no jardim.

Mas, o fato mais demonstrativo é o seguinte, contado por Gratiolet: "O Sr. de la Boussanelle, capitão de cavalaria do antigo regimento de Beauvilliers, comunica o seguinte: - Em 1757, um cavalo do meu esquadrão, já fora do serviço devido à idade, teve os dentes inutilizados a ponto de não poder mastigar o seu feno e a sua aveia. Verificou-se, então, que dois outros animais, que lhe ficavam à esquerda e à direita, dele, passaram a cuidar, retirando o feno da manjedoura e colocando- lhe à frente, depois de mastigado. O mesmo faziam com a aveia, depois de bem triturada. Esse curioso trabalho prolongouse por dois meses, e mais duraria, se lá ficasse o velho companheiro. Aí têm - acrescenta o narrador - o testemunho de toda uma companhia - oficiais e soldados."

Tudo que ficou aí dito são testemunhos insuspeitáveis de pesquisadores espiritualistas. E o que dizem pesquisadores materialistas? É sempre bom a gente dar uma comparada entre os estudos daqueles e destes.

 Pois bem, encontrei na FOLHA CIÊNCIA, - caderno do jornal Folha de S. Paulo -, página 10, de 29 de setembro o artigo Evolução Suricata, mamífero africano, ajuda a alimentar prole alheia; comportamento que aumenta chance de sobrevivência "Solidariedade animal também dá lucro, do jornalista Salvador Nogueira. Ei-lo:

 "Solidariedade pode não ser uma questão moral, mas meramente um mecanismo criado pela seleção natural. Essa visão pouco romântica do que seria um dos mais nobres traços de comportamento voltou à pauta na semana passada, com um estudo de animais feito na África do Sul.

 Um grupo de cientistas das universidades de Cambridge, no reino Unido, e de Stellenbosch, na África do Sul, passou vários anos investigando o comportamento de suricatas (Suricata suricata). Eles descobriram não só que esses bichos apresentam um comportamento solidário para alimentar os filhotes da comunidade, que se beneficiam da generosidade de suas "babás" (seria uma creche?), como também que essa atividade supostamente altruística oferece vantagens aos que a realizam.

Os suricatas, tornados populares pelo personagem Timão do desenho animado da Disney "O Rei Leão", são animais sociais, ou seja, vivem em bandos. Os grupos chegam a ter 30 integrantes. Em geral, compõem-se de um macho e de uma fêmea dominantes, que são os pais de cerca de 80% de toda a prole da comunidade, mais os filhotes e alguns agregados - chamados de ajudantes (em inglês, "Helpers").

 Esses membros da comunidade passam as primeiras 10 a 12 semanas de vida dos recémnascidos ajudando-os na sua alimentação. Algumas vezes, os ajudantes guardam parentesco com os filhotes; em outras não.

 "Já mostramos que não há associação forte entre quão aparentados são os ajudantes dos filhotes e quanto trabalho eles fazem", disse à Folha Timothy Clutton-Brock, o líder da equipe.

A conclusão não apóia a idéia de que o comportamento altruísta seja uma tentativa de promover a propagação de genes para as futuras gerações - já que os suricatas observados não fazem distinção entre filhotes com que tenham parentesco, e portanto genes em comum, e filhotes não-relacionados.

 Bondade lucrativa

 Outra conclusão do estudo, cujos resultados saíram na edição de 28 de outubro da revista "Sience" é a de que não só os filhotes se beneficiem da generosidade dos ajudantes, mas que os próprios benfeitores se saem melhor com isso. Ou seja, dá lucro ser bonzinho.

 Primeiro, eles aprimoram sua habilidade para coletar alimentos (os suricatas se alimentam de insetos, pequenos vertebrados e ovos) ao ajudar os filhotes.

Segundo, ajudar os filhotes a sobreviver significa aumentar o tamanho do grupo. Quanto maior o número de indivíduos, maior é a chance de detectar predadores em tempo para a fuga. "A sobrevivência e o sucesso reprodutivo de todos declina rapidamente quando o tamanho do grupo diminiu", diz Clutton Brock.

 O cientista também não descarta a possibilidade de outras vantagens não observadas. "O que é preciso agora são testes de diferentes idéias sobre os benefícios para os ajudantes", afirma.

 Solidariedade animal

 Ao que tudo indica, a generosidade para com a prole alheia não é exclusividade de suricatas e humanos. Os pesquisadores já estão buscando resultados similares em outras espécies. "Estamos também trabalhando com outras fuinhas (pequenos animais carnívoros da Europa e da Ásia) e esperamos colaborar com pessoas que estudam toupeiras. Outros membros do meu grupo de pesquisa também trabalham com pássaros cooperativos", diz.

Esses trabalhos, entretanto, demandarão muito tempo para serem concluídos. As observações de Clutton Brock já duram oito anos. "Leva um ano apenas para acostumar um grupo com a observação próxima". - disse o pesquisador.

(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 370 de Novembro de 2001)

horseball

ontem na rede Globo, uma reportagem sobre o "horseball", o grande esporte-absurdo que os burgueses inventaram (sei lá quando...). como se trata de padrão global, nenhum contraponto, obviamente, sobre mais uma exploração animal. como se não bastasse a peãozada,  um bando de "autistas" vestidos de atletas, cavalgam com uma bola para fazer o gol: cesta-trave na horizontal. despautérios à parte, o único esportista, nesse caso, é o pobre do cavalo que, nesse mundo (des)humanizado, é um eterno escravo. 

o leão













nas selvas e savanas africanas
urra ruge o ruge
leão
e seu rígido rugido
ressalta o júbilo
de rei
:
a imagem real
de sua juba hormonal
que o ressalva
do combate contínuo
com o macho rival

nas selvas e savanas africanas
ruge urra altivo
(então) o leão
o seu verbo intransitivo
(agora de ligação)

o sapo












à noite no lago o vento venta voa
balança a taboa como uma lança
voa. e nessa dança à proa
o sapo coxo coaxa
feito eco de racho de cabaça. o sapo
macho marcha estufa chama clama
(guturalmente)
pela murcha sapa que na greta da grés
rechaça (renitente) o ritual. e a manhã
renasce sem enlace sem graça
sem festa na gruta
que os ocultam
do sol.

calanguim



















...cala calango, cala...

já que leu meu pensamento
não entregue minha fala
que eu não te levo na mala
nem a troco de oferenda
seja flor de qualquer senda
e assim firmamos um trato

as paredes tem ouvidos
toda alma tem sua fenda
por onde a lágrima brota
grita, cisca, vaza, molha
seja em véu de cachoeira
seja em lento conta gotas

ROGÉRIO SANTOS

(mais do grande poeta e compositor em
http://folhadecima.blogspot.com/)
rente ao gramado
podado
(no final da tarde)

enquanto formigas
cortadeiras
se preparam para o inverno

decido-me ser só
uma cigarra
muda.

xô, urubu!















abominável abutre:
ave de rapina
ave carniceira
ave de mau agouro
do velho e novo mundo:
superstição universal!

de grande envergadura
de cabeça pelada
de andar desengonçado
e visão quilométrica:
é um lixeiro-alado
de vôo circundante
buscando “novas” carniças
em novos horizontes.

sempre em bandos
crocitando
aterrissa (aterrorizando a vista)
em matadouros, cortumes
e ao redor das latas de lixo
nos arredores das cidades.

brasileiro: é urubu
na gíria: trapaceiro
de cabeça colorida: é rei
de cabeça vermelha: campeiro
de cabeça amarela: jereba
profissão: lixeiro, naturalmente
mas sorrateiro: é “de morte”:
pousa, às vezes, inesperadamente
no jardim de nossa sorte!