noite selvagem

a noite se inicia
com o alarido das revoadas
anoitece:
o sono hibernante das cavernas
as tocas que se povoam
os ninhos que se amontoam
o esconde-esconde na mata

a algazarra no brejo:
cricrilos e gorjeios
o apito da jornada dos rapinantes
gritos esvoaçantes
silvos deslizantes
uivos temerários

a tocaia armada
entre os encontros copulares
à luz das estrelas
pisca-piscas reluzentes
luares comprometedores

e a caça se inicia:
nenhum desejo assassino
mantém o predador
à presa
apenas um presságio do perigo

de leste a oeste
de sul a norte
a vida se refaz no encontro
especial
no espaço entre a fuga
e a morte