o cotidiano escuro da cidade

1. as asas da noite

a noite chega
nas asas das mariposas
em vôos circundantes
nas lâmpadas frias
dos postes com células fotoelétricas

a noite chega
nas asas das andorinhas
em revoada dança
num mergulho vertical
sobre os galhos das árvores da praça

a noite chega
nas asas das corujas
em rapinante vôo
sobre as presas distraídas
nos jardins dos condomínios

a noite chega
nas asas dos morcegos
em razante vôo
sobre a copa das sete-copas
mal formadas na calçada

a noite chega
nas asas do vento
pelas análogas mãos do tempo
tateando a vida
sussurrando a morte