entremeando o ambiente árido arrasta-se sem pecado a cascavel sibila chocalha avisa a vítima (a presa) do perigo mesmo assim a surpreende em mortal destreza
a semente germina magicamente resgata do chão a vida decomposta e se posta altiva auto produtiva numa verde plantação mas suas espigas arranca com incisivos cortantes um roedor incauto saciando o desejo da fome constante sem perceber que à dois metros distante um ofídio espreita a cumprir seu ofício de carnívoro voraz mas rastejando de volta farto e satisfeito não observa do alto em asas montado rapinante predador que retornando ao ninho com a presa nas garras devolverá à terra em seu devido tempo o elemento preciso à um outro vegetal.
um projeto nas mãos e os pés na estrada sobrepondo as pedras do caminho ultrapassando fronteiras recriando esperanças guardando nos limites a tolerância
botas, sacolas, puçás caderno, cantil, gravador seca e chuva, frio e calor termômetro medindo a ansiedade
a noite na mata a pressa pela procura da presa: o “predador” ecológico preservando a caça a raça de quem acredita na razão a perfeição darwinianamente traçada
a casa em relações (des)harmônicas num interrelacionamento trófico vibra, pulsa, interage
bichos, ritos, nichos flores, cores, odores sons que surgem sons que emudecem a vida que brota e fenece ciclicamente no meio do ambiente: ecos de pura logia!
formica fornica formiga trabalha trabalha trabalha carrega o fardo do dia estoca o peso do fardo zela o custo do peso protege a vida: vigia dia e noite dia-a-dia
não canta não planta não casa cava a terra a casa cava: galerias/formigueiro: anárquica aparência sociedade socialista monarquia absoluta
branca preta miúda vermelha grande saúva sobre o chão sobre a pedra sobre a árvore: sobrevive sobreguarda interage
formicário formigueiro formiga o mundo inteiro terror de picnic’s ladrão de açucareiro